Esta etapa é relativamente curta, de uns 18 km, com uma subida logo depois de Rubiães, e em seguida, só descenso. Indicamos aqui como parada final a cidade de Valença do Minho, apesar dos guias e muitos peregrinos seguirem adiante alguns quilômetros para já entrar na Espanha e ficar em Tuí. Creio que vale a pena a parada em Valença. Em primeiro lugar, como forma de despedida de tantos dias e quilômetros em terras lusitanas, de tão boa acolhida. Segundo, há um albergue perto de divino, terceiro, há uma cidadela medieval em excelentes condições em plena vida, e quarto, o albergue de Tuí tem maior probabilidade de estar mais cheio, já que muitos começam o caminho português ali.
Mas vamos ao que interessa: ao sair do refúgio pela estrada, logo fazemos um desvio à esquerda para entrar em campos de cultivo. Interessante é que recentemente (creio) a trilha entre os campos foi reformada, e parece muito uma estrada romana, de paralelepídos. Pelo que li em um guia antigo, a trilha tinha grande probabilidade de estar alagada pela proximidade de um rio. Enfim, a estrada rural dá na ponte de Peorado, romana, na foto acima – desculpem pela ruindade da foto, mas a ponte está devidamente escondida pelas árvores. Logo depois da ponte está o café-bar-mercado, que serve muito bem para o pequeno almoço, caso você nao tenha aproveitado a cozinha do albergue. E caso você precise de mantimentos, é ali que você consegue algo (mesmo para o jantar da noite anterior, pois está a 1 km do refúgio). O caminho segue igual, pela antiga rota romana até São Bento da Porta Aberta, passando pelo povoado de Pecene, onde há a capela da Sra. do Alívio.
Na frente da Igreja de São Bento há mais um bar perfeito para um descanso. O caminho segue ao lado da Igreja e descemos por uma trilha florestal. Passamos por ali num domingo, e curiosamente, fizemos nossa descida ao som da missa de domingo, que ecoava no vale, vindo dos altos-falantes da igreja de Fontoura, um pouco à frente. Essa igreja fica no meio do campo, e se a vê de longe. Mas ao caminho está a Capela do Senhor dos Aflitos, em cujo jardim encontra-se uma homenagem a um peregrino ilustre do Caminho Português. Atrás da capela há ainda um cruzeiro antigo de Santiago. Estamos na rota certa.
O caminho segue tranquilo por trechos florestais, campos e eventualmente mais uma ponte romana-medieval, mais discreta, em Pedreira. Quando chega uma estrada, sabemos que Valença está logo ali. O bom da etapa – árvores, campos, sombra – acaba aqui, e o final é todo sob asfalto, num calor de rachar. Não há perigo de se perder aqui, está tudo bem sinalizado, e o peregrino atravessa todo o bairro de Arão, passando por duas capelinhas. Só convém ter mais atenção depois de atravessar a ferrovia. Há de se seguir à direita, e depois à esquerda antes do viaduto da mesma ferrovia. As flechas levam o peregrino direto para Tuí, sem passar pela cidadela – um sacrilégio, na minha opinião. Portanto, se você quiser ficar no último albergue português, você deve virar à esquerda na avenida dos Bombeiros, caminhando ao lado das muralhas da fortaleza, até chegar no albergue.